O século XX teve a peculiaridade de assistir aos efeitos da barbárie no seu mais alto grau. Um dos povos mais civilizados,educados,eruditos e sofisticados do mundo, o povo alemão; apreciador de música clássica, das artes e das ciências, paradoxalmente se uniu para perpetrar o feito mais que o Ser Humano jamais ousou pensar em fazer: 
   

Exterminar outro povo sistemática e cientificamente, com câmars de gás cianeto (zyclon B) e crematórios para tentar eliminar as provas dotremendo`crime. 6 milhões de homens, mulheres e crianças foram asfixiados como insetos e cremados, diante do calado consentimento das nações, que, se não colaboraram ativamente,pelo menos nada fizeram para impedir. 

Os mesmos dedos que apertaram os botões das máquinas fotográficas dos aviões ingleses que registraram a existência dos campos de extermínio, poderiam ter apertado o gatilho de mísseis que destruiriam os trilhos dos trens que conduziam os judeus, salvando dezenas ou centenas de milhares de vidas, mas estes dedos não se moveram.

Finda a Segunda Guerra, confrontadas com a monstruosidade dos acontecimentos, catarticamente as nações deram uma breve pausa no histórico de perseguições ao Povo Judeu, como cruzadas, inquisição, pogroms, etc.; e houveram por bem consentir, não sem resistência, com a criação do Estado de Israel, em assembléia da ONU, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Mais tarde, no dia 27 de janeiro de 2005, em Nova Iorque ( 17 de shvat, no calendário judaico), a ONU chegou a declarar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, dia 27 de janeiro. No fim do século 19, um rico empresário judeu alemão, Barão Maurice Von Hirsh, emigrado para a França, convencido de que seu povo estava se degradando, devido à miséria sofrida na Europa Oriental, após o falecimento de seu filho, resolveu doar 90% de sua fortuna para retirar o Povo Judeu daquele continente. Comprou terras na Argentina, no sul do Brasil, na Austrália e Canadá, e começou a financiar a retirada dos judeus para locais onde não havia "tradição antissemita".

Em Erechim - RS foi instalada a Colônia de Quatro Irmãos; em Santa Maria - RS, a Colônia de Phillipson. Em 1938, na cidade de Santa Maria, foi realizada pela polícia a apreensão de grande quantidade de armas, munição e material de propaganda nazista.

Imaginem o que devem ter visto e ouvidoaqueles pobres colonos judeus de Phillipson. O que devem ter pensado ao saberem que suas famílias na Europa haviam sido inteiramente exterminadas por nazistas, e agora estavam eles mesmos rodeados por nazistas. Contra quem seriam usadas aquelas armas e munições?

Como deve ter sido a reza daquelas pessoas aflitas, alguns viúvos, viúvas e órfãos?... O que será que D'us deve ter feito com aquelas palavras? D'us que não despreza um coração aflito e uma alma contrita! D'us que protege a viúva ,o órfão e o aflito!? D'us de Abraão, Isaac e Jacob?!

Em 27 de janeiro de 2013, bem no dia da lembrança do Holocausto, exatamente oito anos após a reunião na ONU que instituiu esta data recordatória, coincidentemente em 17 de shvat, no calendário judaico ( dificilmente, em anos distintos, dois dias coincidem em ambos os calendários), uma tragédia ocorreu em Santa Maria. Uma das maiores tragédias que o Brasil já assistiu.

No meio de uma animada festa na boate Kiss ( em hebraico, o radical "ki" quer dizer "como"; ou seja, "como a `SS`"), de repente, um incêndio. Um membro da banda "Gurizada Fandangueira" acende um fogo de artifício, e o revestimento de espuma anti-ruído pega fogo. "Por acaso"- se é que tal coisa existe, o acaso - ao pegar fogo esta espuma libera um gás tóxico, o cianeto; "por acaso" o mesmo produzido pela Bayer com o nome "zyclon-B", para asfixiar os judeus na Europa. Só havia uma porta de saída, que "por acaso" estava obstruída por seguranças que "por acaso"diziam que "ninguém sai sem pagar a conta".

Que conta será esta que se paga com a vida?... Tristeza. Dor. Comoção. Revolta. Cerca de 270 mortos, no primeiro momento; muitos encontrados empilhados nobanheiro, como eram encontrados os judeus que achavam que iam "tomar banho", logo na entrada dos campos de concentração. Jovens universitários bonitos e inteligentes, muitos loiros e de olhos azuis - as fotos saíram nos jornais. Muitos sobrenomes de origem européia.

O País de luto. A Presidente aos prantos. Por que? Por que?

Biniamin Netaniahu oferece ajuda. Cláudio Lottemberg, presidente da Federação Israelita e - diretor do Hospital Albert Einsten manda auxílio.

Naquela semana, no mundo inteiro, os judeus estavam lendo o trecho da Torá (Pentateuco) denominado "parashá Itró". Itró era sogro de Moisés, que havia se casado com uma mulher midianita, não hebréia.

O trecho fala que Itró, que era sacerdote de Midian, resolveu abandonar seu lar e suas antigas crenças, e unir-se ao Povo Judeu, pois concluiu que o D`us dos judeus é o Único, e ficou muito impressionado pelo fato de D`us haver retribuído aos egípcios com tanta justiça e precisão, pois da mesma forma como os egípcios haviam afogado os meninos judeus no Rio Nilo, D`us afogou todo o exército egípcio, então o maior do mundo, no mar.

Enquanto isso, Na vizinha Argentina,conhecido esconderijo de muitos nazistas, a presidente Cristina Kirchner inova na jurisprudência mundial, ao convidar o governo do Irã, um dos principais acusados pelo ataque terrorista contra a AMIA - Associação Mutual Israelita Argentina - para ajudar a "desvendar" este terrível crime contra a humanidade, unindo, assim,os juízes aos próprios réus, para o julgamento destes últimos.

O objetivo deste artigo não é trazer respostas, mas sim levantar questões. A tradição judaica ensina que uma boa pergunta já é meia resposta, mas é sempre oportuno lembrar das sábias palavras do Rei David, no Salmo de Shabat, palavras de mais de 3000 anos, mas sempre atuais, em todos os lugares: "O ignorante não sabe, e o tolo jamais entenderá isto"...("Ish baar ló iedá, uchsil ló iavin et zot")

Por Zalman Gift