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ARTIGO JUDAÍSMO: Quando o Divórcio é Necessário

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ARTIGO JUDAÍSMO: Quando o Divórcio é Necessário

ARTIGO - Dois mundos, o conflito interior, o ponto principal, casamento baseado em divórcio


Artigo de Lazer Gurkow, Newletter Beit Lubavutch


Dois Mundos

Quase todos os filhos sonham com o casamento, porém quase metade dos casamentos de hoje terminam em divórcio. Por que o divórcio é tão freqüente? E por outro lado, sendo o divórcio tão freqüente, por que ainda nos casamos?

Os místicos ensinaram que o divórcio é produto do caos. Quando D'us criou o mundo pela primeira vez, era uma espaço espiritual mas caótico. Segundo a Cabalá, este caos resultava das energias divinas agressivas e assertivas que preenchiam este mundo primordial. Cada energia concentrada exclusivamente em sua tarefa, incapaz de acomodar as outras. Elas operavam com independência e desrespeito, o que resultou no caos.

D'us então criou uma nova ordem, de retidão, que é o nosso mundo. Neste mundo, as poderosas energias são moderadas para acomodar e forjar conexões umas com as outras. O resultado é um ambiente mais inclusivo e holístico, no qual cada um é ampliado pela conexão com outros.

Portanto, não surpreende que o ser humano, produto dos dois mundos, seja um amálgama tanto da asserção quanto da acomodação. Somos ferozmente independentes, mas ansiamos por ser tocados por outros. O casamento é um produto de nosso lado acomodado, ao passo que o divórcio é um produto da nossa afirmação.


O Conflito Interior

Vamos explorar isso mais a fundo. Os desejos duplos de independência e conexão são essenciais à alma humana. Sob severidade e subjugação, nosso espírito é suprimido, Ansiamos por liberdade, quase tanto quanto ansiamos pela vida, como no famoso grito de Patrick Henry, “Dê-me liberdade ou dê-me a morte”. Resistimos à coerção e à opressão com cada fibra do nosso ser. Ansiamos por nos expressar livremente, para ter espaço, liberdade e meios para fazer como escolhemos e para ser aquilo que somos.

E então há a necessidade contrária de amar e ser amado, querer e ser querido, tocar e ser tocado. O isolamento enfraquece a alma, sendo o oposto de um ser humano feliz e saudável.

Portanto há um conflito. Em nossa busca pela liberdade procuramos nos libertar, mas em nossa busca por amor procuramos nos conectar.

Quando crianças somos criados por pais que nos amam e nos provêm. O carinho e o conforto que recebemos deles é vital para o nosso senso de bem-estar e estima, mas então chega um tempo em que precisamos nos libertar e seguir o próprio caminho. Durante algum tempo nos refestelamos em nossa recém-conquistada independência, declarando nosso direito à liberdade pessoal. Mas então surge uma necessidade mais profunda, e nossa alma começa a ansiar por amor. Procuramos forjar conexões, fazer parte de uma sociedade, uma comunidade, uma família e uma rede social. E mais importante, procuramos um parceiro para compartilhar nosa vida.

Quando finalmente encontramos a pessoa certa e nos casamos, florescemos em nosso vínculo, mergulhamos nas profundezas do ser que estavam intocadas quando éramos solteiros, e ascendemos até as estonteantes alturas do deleite romântico. Então, aos poucos surge a percepção de que receber amor exige a entrega de uma parte importante da independência. Não podemos mais escolher como quisermos e como temos vontade.

Devemos agora levar o outro em consideração, e fazer somente o que for bom para os dois. Muitos se irritam com o fardo… e surge a tensão.

Se deixarmos nossa independência de lado em favor do amor, ficamos ressentidos com aquele que amamos. Se guardamos com ciúme a nossa independência, nos arriscamos a alienar aquele que amamos. Deve haver um meio-termo feliz que nos permita reter nossa independência e nosso amor.


O Ponto Principal

Vamos voltar aos cabalistas e à ordem de retidão. A capacidade daquelas energias divinas de acomodarem umas às outras reflete sua verdadeira natureza. Seu ponto de origem é divino, e em sua forma principal são genéricas a D'us. Suas características particulares são presumidas depois. Assim, sua capacidade de acomodar transcende suas diferenças e engaja sua essência, onde na verdade são apenas uma.

O mesmo se aplica a nós. Nossa necessidade de independência é um produto de nossos interesses, inclinações e desejos particulares. No entanto, sejam inatos ou adquiridos, estes não refletem nosso ponto principal. Nosso ponto de origem, nosso ser transcendental, é a nossa humanidade. E a humanidade é genérica – podemos partilhá-la igualmente. Quando acomodamos uns aos outros, transcendemos a concha exterior das nossas diferenças específicas e nos engajamos em nossa humanidade interior. Assim, em vez de nos confinar, a acomodação pode ser uma experiência transcendental e libertadora, uma oportunidade para engajar nosso estado de ser mais verdadeiro.

No entanto, isso somente é verdadeiro quando queremos acomodar. Quando a acomodação é forçada sobre nós, não transcendemos nossas diferenças e engajamos nosso humanidade em comum. Permanecemos confinados nanossa concha exterior de diferenças, e somos forçados pelos outros a dar apesar disso. Em vez de nos abrirmos ao nosso verdadeiro estado de ser, essa doação restringe nossa liberdade, suga nossa vitalidade e nos afasta do nosso próprio ser.


Casamento Baseado em Divórcio

Assim que a Torá menciona a palavra casamento, apresenta as leis do divórcio. É uma justaposição dissonante, mas encerra uma potente lição. Isso nos lembra que o casamento e seus compromissos não são impingidos sobre nós.

É uma opção que fazemos livremente a cada dia. A opção de terminar um casamento sempre está disponível, e se continuamos no casamento, é por nossa própria escolha.

Essa percepção é a ponte que nos permite conservar nossa independência e nossa necessidade de nos conectar; é o ingrediente que pode salvar um casamento. Se, ao assumir concessões no casamento, nos sentimos obrigados e explorados, o casamento pode tirar nossa sensação de bem-estar e liberdade.

Se, no entanto, nos lembramos que o casamento é uma escolha e que nele escolhemos livremente dar de nós mesmos, ele na verdade reforça nossa sensação de ser e de independência, porque a opção de dar pode ser feita somente quando somos suficientemente independentes para fazer escolhas.

A independência nos permite ser nós mesmos. O amor nos permite dar de nós mesmos. Não temos de nos livrar de um para manter o outro; podemos fazer ambos funcionarem. E quando fazemos isso, aprendemos a transcender a nós mesmos.

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