Domingo 23 de febrero de 2025 • 25 Shevat 5785  • כ"ה שבט  ה' תשפ"ה
This item has pictures for men.

O Funcionário Ladrão - Uma Intriga na Halachá

Print  PDF

O Funcionário Ladrão - Uma Intriga na Halachá

O que você faria caso descobrisse que o seu funcionário mais qualificado está roubando dinheiro ou mercadoria da empresa? E se o valor roubado é insignificante frente aos benefícios que este funcionário produz à sua empresa?



O FUNCIONÁRIO LADRÃO

Este caso ocorreu com Venâncio, o dono de uma fábrica de alfinetes, que descobriu que Eugênio, seu mais qualificado funcionário, estava roubando dinheiro dela. Ele chamou a atenção dele, porém Eugênio fez que nem era com ele, negando todas as acusações, dizendo que nunca havia roubado um tostão. Apesar disto, o dono da fábrica resolveu mantê-lo trabalhando na fábrica, alegando que nunca conseguiria um outro funcionário com as mesmas qualidades administrativas dele e que produzisse tanto para o sucesso da fábrica. Venâncio diz que o dinheiro que Eugênio rouba é "pouco" comparado ao que ele traz de lucro para a fábrica!


Venâncio agora quer saber se de fato pode mantê-lo trabalhando lá, ou se tem que demiti-lo, por estar transgredindo o mandamento da Torá de "não colocar um obstáculo diante de um cego", propiciando que Eugênio venha a praticar mais roubos, que também é uma proibição da Torá....


Está escrito na Guemará (Kidushin 32a) que Rav Huna rasgou a roupa de Raba, seu filho, pois queria testar como reagiria. A Guemará pergunta, "Mas pode ser que ele se enerve, transgredindo o mandamento de honrar aos pais, e Rav Huna estaria desta forma cometendo a transgressão de "Não colocar obstáculos diante de um cego"! Então a Guemará responde que antes de fazer isso ele já havia perdoado seu filho de antemão por qualquer reação que tivesse contra ele.


O comentarista Talmúdico Tosfot disse que obrigatoriamente temos que dizer que ele revelou ao filho que iria fazer isto, para evitar que seu filho sequer viesse a ter qualquer tipo de pensamento contra seu pai e não viesse a necessitar de capará e perdão, como p.e. alguém que deseja comer porco e lhe trazem comida casher, que mesmo assim precisa de capará e perdão.


Vemos então, das palavras de Tosfot, que a proibição de colocar um "obstáculo diante de um cego" aplica-se inclusive à intenção da pessoa, mesmo se não chegou a realizar o ato. E também do Funcionário Ladrão, mesmo se Venâncio fizer o dinheiro EFKER, ou seja, torna-lo disponível (permitido) para qualquer um que quiser pegá-lo, permitindo assim que Eugênio o tome sem pedir permissão (uma vez que o dinheiro é EFKER, fora da propriedade de Venâncio Eugênio não estaria pegando algo que pertença a Venâncio); mesmo assim ele ainda comete a proibição de "não colocar um obstáculo diante de um cego", ao mante-lo em sua fábrica (mesmo se o roubo ficar apenas na intenção de Eugênio). Portanto, seria plausível dizer que seria proibido mante-lo na fábrica.


No entanto, é possível que no nosso caso Venâncio tenha a permissão de mante-lo empregado na fábrica, já que não está cometendo nenhum ato para prejudicá-lo, a não ser empregá-lo, e é Eugênio que está prejudicando a si mesmo; e vemos que não é similar ao caso trazido da referida Guemará em que o pai rasga a roupa do filho diante dele, cometendo um ato direto e provocando-o, sabendo ser muito provável que se irritaria. No nosso caso Venâncio não cometeu nenhum ato direto, a não ser te-lo mantido na fábrica e neste caso é provável que não haja a proibição de colocar um obstáculo diante de um cego inclusive se ele apenas intencionar o roubo.


[ Fonte: Semanário Guefilte Mail (Guefiltemail@gmail.com), baseado em aulas e palestras de R' Izchak Zilbernstein de Ramat Elchanan, Bnei Brak, Israel ]



click image to enlarge

Comentarios

Debe ingresar al sitio para poder comentar.

No hay comentarios para este item.

Rating

  Be the first to rate!

Recomendar esto a un amigo
Bookmark and Share