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O Casaco, o Impostor e o Guarda - Uma Intriga na Halachá

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O Casaco, o Impostor e o Guarda - Uma Intriga na Halachá

O atencioso vendedor recomenda o casaco a Pedro e pede para que vá ao caixa pagar... Sentado no caixa está um impostor... Ao sair o Guarda o aborda... Teria ele que pagar de novo?


O CASACO, O IMPOSTOR DO CAIXA E O GUARDA

Pedro Paulo entrou numa loja de roupas e disse ao vendedor que queria comprar um casaco. Após experimentar alguns modelos, resolveu levar o de couro. O vendedor entregou-lhe o casaco e pediu para que pagasse no caixa, que estava localizado na entrada da loja.


Pedro Paulo dirigiu-se até lá e pagou ao rapaz que estava sentado junto à caixa registradora. Ao sair da loja, o segurança lhe parou pedindo a notinha, e Pedro Paulo disse que havia pago, porém sem receber nenhum recibo do caixa.


O segurança dirigiu-se ao caixa e perguntou se ele havia pago pela mercadoria, e o caixa respondeu que não. Pedro Paulo novamente disse que havia pago, porém para uma outra pessoa que estava no caixa.


O segurança foi verificar as imagens gravadas pelo circuito interno e então tudo ficou esclarecido. O caixa da loja havia ido ao banheiro por alguns instantes.... um impostor sentou-se no seu lugar.... e após receber o dinheiro de Pedro Paulo, se mandou.


Agora, surge a seguinte pergunta: Será que Pedro Paulo tem que pagar novamente ao dono da loja pelo casaco ou o dono da loja é que é culpado, pois tinha que tomar conta para evitar que um ladrão sentasse no caixa?


Aparentemente, Pedro Paulo tem que pagar novamente já que ele ainda não pagou pelo casaco, e portanto, este ainda não pertence a ele, uma vez que o impostor roubou dele e não do dono da loja.

E uma prova disso é o que está escrito no Shulchan Aruch (חו"מ סימן קכא ס"א) que se um credor manda uma carta para o devedor, pedindo para que este envie o dinheiro através de uma determinada pessoa, e esta pessoa acaba perdendo o dinheiro, o devedor está isento de pagar novamente para quem lhe emprestou.


E se por acaso outras pessoas o enganaram, falsificando a carta, pedindo para ele entregar o dinheiro para um determinado enviado, e ele fez como eles mandaram, então diz o Shulchan Aruch (שם ס"ד ובש"ך ס"ק כב) que ele está obrigado a pagar novamente para quem lhe emprestou o dinheiro.


Portanto, vemos que aparentemente, esta é a lei no nosso caso, já que o impostor que estava sentado no lugar do caixa enganou Pedro Paulo, tirando-lhe o dinheiro com esperteza. E de acordo com o que vimos baseado no Shulchan Aruch acima, Pedro Paulo teria que pagar novamente pelo casaco.


No entanto, o Aruch HaShulchan (שם ס"ז) acrescenta dizendo que se o credor disse ao devedor para envia-lo através de tal e tal sinal (p.e., se ele disse para ele entregar ao seu enviado que era um homem de bigode e com uma pinta na orelha direita) e uma outra pessoa se faz passar por ele e o devedor entregou o dinheiro para essa pessoa, então a lei está com o devedor, estando isento de "pagar novamente" ao credor, pois se o próprio credor não cogitou que algo assim pudessse ocorrer, muito menos o devedor deveria ter cogitado.


Sendo assim, também no nosso caso, quando o vendedor dissse para Pedro Paulo pagar no caixa, não cogitou que lá poderia estar sentado um impostor. E se o próprio vendedor não cogitou, por que Pedro Paulo precisaria cogitar isso?


Portanto, é mais adequado dizer que Pedro Paulo está isento de pagar, pois ele fez o que era para ter feito, pagando para quem estava sentado na cadeira do caixa, como o dono queria que ele fizesse. E o dono é que deveria ter se preocupado em evitar que um ladrão sentasse lá. (Isso tudo, no caso em que ele comprou numa loja em que não se faz necessário pedir a nota fiscal para sair dela. No entanto, numa loja em que se faz necessário a apresentação da nota fiscal, e a pessoa não pediu a nota no caixa, aí ela tem que arcar com as consequências.)



[ Fonte: Por dentro da lei - BASEADO EM AULAS E PALESTRAS DO RABINO ITZCHAK ZILBERSTEIN, RAV DE RAMAT ELCHANAN, BNEI-BRAK, ISRAEL by Guefiltemail 07/2011]



Para pensar e refletir



“Estes são os filhos de Dan de acordo com suas famílias....sessenta e quatro mil e quatrocentos.”(Bamidbar 26:42,43)



O Chafetz Chaim, observou que a população total da tribo de Biniamin era de quarenta e cinco mil e seiscentos. A população da tribo de Dan era de sessenta e quatro mil e quatrocentos. O que é incrível nisso é que Biniamin, o patriarca da tribo de Biniamin, teve dez filhos, enquanto seu irmão, Dan, teve apenas um filho, Chushin, que era surdo. E apesar disso, Dan teve mais descendentes do que Biniamin.

Daqui nós vemos, diz o Chafetz Chaim, que se Hashem quer que uma pessoa tenha sucesso, isto acontecerá, mesmo que à primeira vista ela pareça ter menos que uma outra pessoa. É possível que a descendência de um filho seja maior do que a descendência de dez filhos! De modo similar ocorre com as riquezas e posses da pessoa. Há pessoas com quantias limitadas de riqueza e posses, mas que estão contentes com o que têm e vivem vidas muito felizes. De modo contrário, há pessoas muito ricas sem sucesso e sem satisfação na vida, mesmo possuindo muita riqueza. (Chafetz Chaim al HaTorá)

Algumas pessoas vêem que outras têm mais do que elas, e sentem-se tão mal com isso que deixam de aproveitar o que têm. Esta inveja é um erro. Você pode viver uma vida muito feliz e alegre mesmo tendo menos do que outros. A quantidade não é sempre uma medida correta para o sucesso na vida. A pessoa que consegue ter prazer com o que possui vai ter assegurada uma vida de alegrias.

(Growth Through Torah – Rabi Zelig Pliskin)



Para pensar e refletir II



Existe uma frase que diz que quando o jogo de xadrez termina, o rei e o peão voltam para a mesma caixa. A mensagem é que o status dos dois é diferente somente quando estão exercendo suas funções. De outro modo, o grande e pequeno são iguais.

Uma análise mais apurada irá revelar que esta citação não é correta. Mesmo numa caixa, um rei é um rei e um peão é um peão.

Às vezes, ocorrem coisas em nossas vidas que causam a perda de nosso status. O diretor executivo de uma grande companhia sofre um derrame, e ao invés de dirigir uma corporação multi-milionária, ele passará a viver com muitas limitações, talvez até preso à uma cadeira de rodas. Um alto funcionário governamental perde sua posição. Ao invés de ser um poderoso influenciador nas decisões do governo, ele agora é um cidadão comum. Uma grande variedade de acontecimentos pode derrubar uma pesssoa de seu pedestal.

O Rav Chaim Shmulevitz cita o Midrash, que diz que quando o Rei Salomão foi deposto do seu trono por um shed (demônio), ele ficou vagando de cidade em cidade, frequentemente pedindo comida. Sobre isto está escrito o seguinte, “Apesar de já ter sido rei sobre um enorme reino, agora era rei somente sobre seu cajado.” Rabi Shmulevitz comenta que apesar de que o cajado era sua única posse, ele permaneceu rei sobre ele; quer dizer, o Rei Salomão nunca perdeu seu orgulho e nobreza.

Uma pessoa que sempre sustentou a si mesma e à sua família fica desempregada devido a uma política de contenção de despesas na empresa em que trabalhava. Isto pode ser uma devastadora pancada no seu ego; porém, a pessoa não pode deixar que sua auto-estima seja destruída. Não devemos deixar que situações que estão fora de nosso controle destruam nossa auto-estima.

Quando o Rei Salomão vagou pelo país declarando ser o Rei Salomão, as pessoas riam dele e pensavam que ele era um louco. No entanto, ele não se deixou abater pela opinião das pessoas. Ele sabia que era rei e ele permaneceu rei mesmo após ter sido colocado “de volta na caixa”. Mais tarde ele reassumiu o trono e voltou a exercer a realeza.

Muitas pessoas experenciam altos e baixos na vida. Se você permitir que os “baixos” destruam sua auto-estima, você não conseguirá tirá vantagem da “mudança de maré”, quando esta ocorrer. Mesmo se as “mudanças da vida” tirarem coisas de você, elas jamais deverão ter permissão de tirar você de você mesmo.

(Rabi Abraham J. Twerski, M.D.)


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