Domingo 23 de febrero de 2025 • 25 Shevat 5785 • כ"ה שבט ה' תשפ"ה |
HISTÓRIAS: O Bondoso Rei - Chafetz Chaim; O Viajanda Norte Sul - Rav Sholom Schwadron; A Preciosidade de um Momento - Rav Avraham Pam; O Retorno dos Mortos - Magid de Kelem, As Facadas e o Avião Perdido - Rav Issachar Frand; Elazar ben Dordaya, Imoralidade e Retorno- Talmud.
O BONDOSO REI - Chafetz Chaim
Um bondoso rei viajava uma vez por ano pelo seu país, indo de cidade em cidade, para encontrar seus súditos, escutar suas reclamações, e tentar realizar seus desejos.
A data da visita real foi anunciada com muita antecedência, e quando chegou o tão esperado dia, as pessoas vestiram suas melhores roupas e dirigiram-se para a praça da cidade onde procuraram um local em que pudessem ver e se encontrar com o rei. Ninguém sabia exatamente em que horário ele chegaria, já que tinha muitos lugares para visitar. No entanto, as pessoas sabiam que momentos antes dele chegar, viriam soldados tocando trompetes anunciando sua chegada.
Os habitantes da cidade estavam esperando por horas, porém nada do rei chegar. Um indivíduo, cansado de tanto esperar, abandonou o local onde estava reunida a multidão, e disse: "O rei provavelmente não virá mais hoje, e sim amanhã".
"Fique aqui, não vá embora," disseram seus amigos, "Você perderá uma oportunidade de ouro!"
"Estou cansado," ele disse, "Vou para minha casa descansar. E se ele realmente vier hoje, escutarei os trompetes e virei a tempo."
O homem foi para casa, caiu num sono profundo e não escutou mais nada pelo resto do dia. Os soldados reais vieram tocando seus trompetes, anunciando a esplendorosa chegada do rei. As pessoas fizeram seus pedidos, enquanto que o homem dorminhoco ficou apenas com seus sonhos vazios. A única alternativa para ele era tentar encontrar o rei em outra cidade.
Porém, muitos judeus permanecem na sua letargia espiritual e não fazem nada para preparar-se para os Dias de Julgamento. Durante Elul, o mês que precede o Asseret Iemei Teshuvá, eles continuam nos mesmos caminhos, sem procurarem se aprofundar no seu nível de observância de Torá e mitzvót, permanecendo contentes com seus níveis espirituais.
E então, após um mês de apatia, Rosh Hashaná chega. O shofar anuncia a chegada do Rei. Seria esperado que aqueles que estavam "dormindo espiritualmente" em Elul acordassem e fizessem os preparativos necessários para os próximos dez dias, o Asseret Iemei Teshuvá. Afinal de contas, o som do shofar, observa o Rambam (Halachot Teshuva 3:4), é simbolicamente uma mensagem para aqueles que podem ter adormecido, para acordarem e estarem atentos na realização das mitzvót.
No entanto, estas pessoas permanecem inertes, recusando-se a mudar seus caminhos. A oportunidade dos Dez Dias vai se dissipando, culminando com uma última chance, o Iom Kipur. Tristemente, eles não aproveitam este dia também.
E quão vergonhoso deve ser ter que procurar o "Rei em outras cidades" ao se arrepender mais tarde. Certamente teria sido muito mais prudente ter escutado o que disse o profeta Isaías (55:6): "Procure Hashem quando Ele pode ser encontrado, chame-O enquanto Ele está perto", que o Talmud (Rosh Hashaná 18a) diz referir-se aos dez dias de arrependimento entre Rosh Hashaná e Iom Kipur.
O VIAJANTE NORTE SUL - Rav Sholom Schwadron
(Extraído do livro The Maggid Speaks – R' Paysach J. Krohn)
A PRECIOSIDADE DE UM MOMENTO - Rav Avraham Pam
A Mishná em Guitin nos traz testes para avaliarmos o desenvolvimento do entendimento de uma criança. O primeiro nível é verificar, ao ser dada uma noz e uma pedra, se a criança vai jogar fora a pedra e ficar com a noz. O próximo nível é verificar se a criança reconhece que tem que devolver algo que lhe foi emprestado por um determinado período de tempo. Uma criança que pode brincar com o brinquedo de um amigo e devolvê-lo ao voltar para casa, alcançou um novo nível de maturidade.
Este último teste, diz Rabi Avraham Pam, se aplica a nós também. Por acaso reconhecemos que a vida é algo que nos foi emprestada por um determinado período de tempo e que teremos que devolvê-la ao Criador? Se reconhecemos, somos adultos; se não reconhecemos isso, então ainda somos crianças, não interessa a idade que tenhamos.
O RETORNO DOS MORTOS - Magid de Kelem
O famoso Magid de Kelm uma vez pediu para que sua audiência imaginasse que as pessoas enterradas no cemitério de Kelm pudessem voltar à vida por meia hora. “O que eles fariam? Este correria para o Beit Hamidrash para estudar, aquele iria ao hospital visitar os doentes, aquele outro procuraria ajudar uma pobre viúva. E durante este breve período, cada uma dessas almas ficaria observando no relógio quanto tempo ainda teria.” O Magid concluiu perguntando, “Rabotai, o fato de possuirmos mais de meia hora faz com que cada momento deixe de ser precioso? Seria essa uma razão para não ficarmos de olho no relógio todo o tempo para nos certificarmos que não estamos desperdiçando um minuto? E quem pode ter a certeza de possuir mais de meia hora?”
AS FACADAS E O AVIÃO PERDIDO - Rav Issachar Frand
Estas últimas palavras tiveram um significado especial para mim (Rabi Issachar Frand) logo após ler este shmuess. Eu estava sentado no Beit Hamidrash da Ieshivá Ner Israel às 11:30 da manhã de uma quinta-feira, confiante que eu sabia qual seria a “agenda do dia”. Como de costume, eu daria minha aula dentro de meia hora e depois voltaria para casa, onde almoçaria. Então, faria algumas compras para o Shabat e retornaria ao Beit Hamidrash para rezar Mincha e estudar. Ao anoitecer, retornaria para casa, jantaria, pagaria algumas contas e às 9:00 iria dar minha aula de quinta à noite no Agudá Shul, como faço toda semana.
Então, de repente, um homem entra no Beit Hamidrash carregando uma sacola marrom. Ele pede para ver o Rabino, e alguém o direciona a mim. Ao se aproximar, levantei-me para lhe dizer Shalom Aleichem. Me lembro de ter ficado curioso com o conteúdo da sacola, quando de repente ele tirou um facão de dentro dela e tentou me esfaquear. Mais tarde ele contou à polícia que havia acordado naquela manhã escutando vozes que diziam para matar um Rabino. Ao meio-dia eu não estava dando minha aula como havia planejado, já que estava sentado numa ambulância. (Baruch Hashem, sofri apenas arranhões.)
Há um comerciante no Brooklin que aprendeu a mesma lição, porém de outro modo. Uma vez, alguém perguntou a ele qual o motivo dele estar sempre sorrindo, e ele respondeu, “Porque eu estou vivo.” Ele havia estado em Londres a trabalho e tinha uma viagem marcada para voltar para a América. Ele perguntou no hotel qual companhia de táxi que poderia lhe levar até o aeroporto e foi informado que haviam duas companhias, uma que sempre chegava atrasada e outra que era sempre pontual. Ele se confundiu e chamou a companhia que sempre atrasava, e para variar, o motorista atrasou e ele perdeu o vôo. Era o vôo 103 da Pan Am que explodiu sobre Lockerbie, na Escócia, matando todos à bordo. Uma pessoa que sabe que deveria estar dentro de um avião que explodiu e foi salva, tem uma nova perspectiva da vida. Desde aquele dia, o sorriso nunca desapareceu dos lábios daquele comerciante.
ELAZAR BEN DORDAYA, IMORALIDADE & TESHUVÁ - Talmud Avodá Zará
Finalmente, Elazar ben Dordaya teve que se conformar com o fato que sua vida dependia de si mesmo. Ninguém era responsável pela situação que ele mesmo criou, e ninguém, a não ser ele, poderia iniciar o reparo. Naquele momento ele sentou, colocou sua cabeça entre os joelhos e começou a chorar, até que sua alma partiu. Então uma voz Divina disse, “Rabi Elazar ben Dordaya foi aceito para a vida eterna.” Quando o grande Rabeinu Hakadosh escutou isso, chorou e disse, “Alguns conseguem o Mundo Vindouro com o trabalho de uma vida inteira, e alguns num breve momento!” Naquele momento único, de completo arrependimento, Elazar ben Dordaya meritou inclusive o título de Rabi, mestre, pois dele aprendemos tanto o poder da teshuvá para expiar, como também aprendemos que o começo da teshuvá é o reconhecimento que nós, e mais ninguém, se distanciou de Hashem.
(Extraído do livro Rabi Frand In Print – Rabi Issachar Frand)
[ Fonte: Extraído do Semanário Guefilte Mail (guefiltemail@gmail.com) edição de Erev Rosh Hashaná 5772 ]