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[Print Screen Redes Sociais] Principais Mídias do Brasil | Comentários de cunho ofensivo contra judeus se propagaram na internet depois de noticiado que o governo de São Paulo mudou o plano do metrô e não construiria mais uma estação no bairro de Higienópolis.
TERRA - A região da Zona Oeste de São Paulo é conhecida por ter muitos moradores judeus. Já há dois dias, a polêmica do metrô virou um dos assuntos mais comentados no Twitter. Desde quarta-feira, dezenas de tweets ligando o fato de forma ofensiva a judeus ou ao holocausto já foram publicados.
Em meio a sátiras, os comentários preconceituosos. "O nome é Higienópolis, mas o correto seria forno de cremação, já que lá é lotado de Judeus", escreveu o perfil @ateucristao, que se identifica como Milton Fernandes.
Em seguida, publicou: "Qual a diferença entre uma pizza e um judeu? A pizza não grita quando vai para o forno". Depois que outros internautas o ameaçaram denunciar para a polícia, o homem insistiu que se tratava de uma brincadeira. A Polícia Federal recebe denúncias anônimas de crimes de ódio em seu site denuncia.pf.gov.br
A mudança nos planos de construir a estação no bairro de classe alta ocorreu depois de pressões da Associação Defenda Higienópolis Os moradores temiam o crescimento de "ocorrências indesejáveis" - ou seja, da violência.
O humorista Danilo Gentili foi um dos primeiros a provocar reações de seguidores ao escrever: "Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que chegaram perto de um vagão, foram parar em Auschwitz".
Outros perfis na rede também tem sido questionados por comentários. Em resposta ao @ateucristao, Carlos Santos escreveu: "Gosto dos judeus como gosto da minha água. Com gás". "Por isso eu não gosto de judeus", completou outro. "Hitler estava certo em tirar o dinheiro desse povo judeu", acrescentou Mika Sampaio.
[ Fonte: TERRA - http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5125998-EI6594,00-Criticas+a+Higienopolis+provocam+onda+de+ofensas+a+judeus.html em 12/05/2011 ]
- ANTISEMITISMO -
Humorista do CQC fez a provocação por conta da objeção de moradores a obra
O humorista Danilo Gentili, integrante do CQC (Band), resolveu entrar na briga paulistana por conta do cancelamento de uma estação do metrô em Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo.
Os moradores do bairro, que tem uma forte comunidade judaica [N.E. Perceberam o jogo de palavras?], pediram ao governo estadual que impedisse a abertura de uma estação do metrô por lá. O pedido foi aceito.
No meio da polêmica, houve gente até que falou que a construção traria ao bairro “mendigos e gente diferenciada”.
Gentili resolveu dar sua resposta aos moradores do bairro, claramente direcionada à comunidade judaica, em sua página no Twitter, nesta quinta-feira (12).
- Entendo os velhos de Higienópolis temerem metrô. A última vez que chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz.
Auschwitz foi o maior campo de concentração nazista na 2ª Guerra Mundial. Cerca de 6 milhões de judeus foram mortos.
A mensagem já tem reações de internautas. Gideone Santos, de São Paulo, escreveu que o comentário do comediante foi "sem graça". Há internautas que até disseram ter "nojo" do que ele escreveu.
Já Gabriela Gonçales disse que "no Twitter, Danilo Gentili mostra que suas piadas não têm limite, de verdade". Ela ainda disse que isso "é uma pena".
[ Fonte: http://entretenimento.r7.com/famosos-e-tv/noticias/danilo-gentili-faz-polemica-com-judeus-por-recusa-a-metro-20110512.html em 12/05/2011 ]
VEJA SP - O METRÔ DE HIGIENÓPOLIS
Postado em 11/05/2011 às 23:16 por Walcyr Carrasco
NUNCA VI MAIOR ABSURDO!
Li hoje que o governo paulista desistiu da estação de metrô que seria construída na Avenida Angélica por pressão dos moradores de Higienópolis. O motivo real: boa parte dos habitantes não quer a mistura de classes que esse tipo de transporte pode causar. Argumentação: a maioria dos habitantes do bairro possui carro.
Bem, que exista um grupo capaz de lutar contra o metrô, até acredito. Sempre achei que a elite paulistana é burra. O problema é que alguém lhe dê ouvidos. Não é o governo estadual que vive defendendo o uso de transporte coletivo? Mas nesse caso vai privilegiar os donos de carros? E a Avenida Angélica não se tornou há tempos um pólo de negócios com, inclusive, novos prédios comerciais em construção? As pessoas que trabalham lá não têm direito a metrô?
Uma das soluções comentadas é mais tosca ainda: construir a estação na Praça Charles Muller, junto ao Estádio do Pacaembu. Perfeito para dias de jogo. Mas, no cotidiano, há muito mais gente trabalhando na região da Angélica do que na do Pacaembu. A estação no Pacaembu atenderá os estudantes da FAAP também. Mas a da Angélica também atenderia. E… por que não construir as duas?
O pior é que esse filme já passou. Na época da construção do Shopping Higienópolis um grupo de moradores foi contra. Hoje sabe-se que o shopping valorizou a região. E vive cheio de… habitantes locais! Provavelmente os mesmos que eram contra!
A discussão pegou fogo na rede. Inclusive por causa da justificativa do documento com mais de tres mil assinaturas que é contra a estação. Entre outras coisas, diz que o metrô traria pessoas “diferenciadas” . Um internauta propôs que a estação tenha uma entrada social e outra de serviço. Pura gozação para demonstrar o absurdo da cabeça dessas pessoas.
Em outro momento, o documento diz que seria uma maneira de evitar que aumentem as “ocorrências indesejáveis”. Devem estar se referindo a assaltos. Tenho uma má notícia: há assaltos em Higienópolis e faz tempo. Sei de gente que já foi assaltada duas, três vezes, a caminho de casa. Ou em plena Avenida Higienópolis, de dia. O fato é que assaltos existem na cidade toda. Faz falta uma boa segurança pública. Na cidade inteira.
A direção do metrô informou que a estação ficaria muito “perto” de outras duas. A 600 metros da Mackenzie e a 1.500 metros da Cardoso. As duas nem existem, é claro. E quem já passou pela região sabe que ela é montanhosa. Desafio o diretor que cometeu tal asneira a andar os 1.500 metros ou, vá lá, 600 metros, de subidas e descidas. Ficará com varizes. Imagine fazer isso todo dia! Estações de metrô, por definição, devem ser próximas, justamente para facilitar o uso.
Confesso: sou morador de Higienópolis. Adoro o bairro. Geograficamente é uma ligação óbvia para os bairros da Zona Oeste. Vivo por aqui: vejo os ônibus cheios, a dificuldade de locomoção.
Desistir da construção do metrô por pressão de uma elite é algo que não esperava mais ver neste século. Ainda mais diante de um documento com cerca de 3.500 assinaturas. É um número pífio diante da quantidade de usuários do metrô. Afinal, há um projeto de transporte coletivo do governo do Estado de São Paulo? Ou não há?
Está sendo planejado um churrascão sábado, em frente ao shopping, em protesto contra a desistência da estação. Acho que ainda vem coisa pela frente!
[ Fonte: http://vejasp.abril.com.br/blogs/walcyr-carrasco/2011/05/11/o-metro-de-higienopolis em 11/05/2011 ]
SÃO PAULO - O humorista Danilo Gentili, integrante do programa CQC, da Band, envolveu-se em uma polêmica nesta quinta-feira no Twitter após comentar o cancelamento da Estação Angélica do Metrô em Higienópolis, bairro da região central da capital que possui alta concetração de judeus de várias nacionalidades. "Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz", escreveu Gentili em seu perfil na rede social. Rapidamente, a frase foi "retuitada" por centenas de internautas - e desencadeou críticas com a mesma velocidade.
Tweet esteve por pouco tempo no perfil de Gentili
"Vergonhoso uma figura de conhecimento nacional se expor de tal fato!", postou Alberto Faria (@alberto_faria). "Proteste contra a piada sem graça do @danilogentili usando #calabocadanilo", publicou Daniel Landi (@danilandi).
O humorista chegou a apagar a mensagem, mas o recuo gerou ainda mais repercussão na internet. "Faltou coragem de assumir a idiotice que postou? Não era melhor pedir desculpas?", indagou Léo Veimrober (@leoveimrober).
Gentili não retornou o contato da reportagem para comentar o assunto.
Pedido de desculpas
Após polêmico comentário envolvendo judeus feito ao comentar o cancelamento da Estação Angélica do Metrô em Higienópolis, o humorista publicou em seu twitter um pedido desculpas, no qual diz: 'Minha intenção como comediante nunca foi trazer nenhum outro sentimento ao público q não fosse alegria.' e completa 'Peço perdão se falhei nesse meu objetivo com a piada q fiz essa tarde. Me coloco a disposição da comunidade Judaica para me redimir' (sic)
A rede Bandeirantes, na qual Gentili participa de um programa às segundas-feiras, o CQC, se manifestou em comunicado: 'Apesar de a manifestação ter ocorrido no twitter, fora do programa da Band, a emissora repudia com veemência esse tipo de brincadeira de mau gosto, e se solidariza com os protestos e com a comunidade judaica.
[ Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,gentili-faz-piada-sobre-judeus-de-higienopolis-e-causa-reacao-no-twitter,718496,0.htm em 12/05/2011 ]
VEJA - Higienópolis: o preconceito estúpido da imprensa contra gente decente avançou para o anti-semitismo neonazista
O preconceito às avessas é uma arma política cada vez mais quente no país. Em nome do combate à discriminação, discrimina-se; em nome da igualdade, faz-se a apologia da desigualdade; em nome da crítica à insensibilidade dos ricos, exercita-se o pobrismo mais vagabundo. O “pobrismo” não se traduz por amor, admiração ou respeito pelos pobres. Ao contrário: ele significa a consolidação da diferença, como se “eles”, os pobres, existissem como animais de uma outra natureza, distinta da nossa; como se fossem uma variante antropológica. É evidente, sempre chamo as coisas pelo nome, que a consolidação dessa estupidez se deu com a chegada do PT ao poder.
Posts abaixo, vemos que Lula será o animador — a palavra é essa — de um encontro de executivos de uma grande cervejaria. Não haveria nada de estranho nisso! Ocorre que ele vai, como sempre faz nesses eventos pelos quais é regiamente pago, opor a sua “verdade”, que seria a dos pobres, à verdade dos “outros”, que seria a das elites, embora o burguesão do capital alheio, hoje um milionário, esteja animando uma celebração ou encontro dos ricos. Lula é um milionário pobrista.
Essa, digamos assim, metafísica de demonização dos ricos — não os da Ambev, LG, Microsoft ou Telefonica, para os quais Lula palestreia — chegou com violência à imprensa. É uma pauta permanente. Os “ricos” atacados pelo jornalismo, é bom que fique claro, é aquela fatia da classe média que consegue ter, com muito trabalho, uma vida confortável. Ela é que seria a morada de todos os ‘valores reacionários” que o jornalismo combativo quer ajudar a destruir; afinal, descobriu-se, parte da resistência ao petismo está justamente nesse grupo, já que, conforme queríamos demonstrar, não existem motivos para que a Ambev, a Microsoft, a Telefonica ou a LG resistam a Lula e a seus bravos.
Digamos, para pôr um tantinho de esquematismo na equação econômica, de modo a entender o processo, que os “ricos” brasileiros se dividam em dois grupos: os que pagam impostos — a classe média que apanha nos jornais, portais, revistas, TVs e rádios — e as que recebem impostos via empréstimos subsidiados do BNDES. O primeiro tende a resistir ao PT; o segundo tende a ser entusiasmadamente petista.
Pronto! Caracterizei, assim, o Zeitgeist, o espírito do tempo, que resultou na campanha mais canalha dos últimos tempos feita contra uma comunidade de pessoas decentes — na sua esmagadora maioria ao menos: refiro-me ao bairro de Higienópolis, na região central de São Paulo, onde moro há 19 anos. Está sendo estigmatizado nas chamadas redes sociais e na imprensa como um bolsão de ricos discriminadores, que querem manter distantes os pobres, para não se misturar com a gentalha.
É uma canalhice e uma indignidade. Há tantas pessoas decentes e indecentes em Higienópolis quanto na favela de Paraisópolis. Só que há uma diferença: ai daquele que sugerir que um mau-caráter da favela representa a média da população local! Se o fizesse, seria demitido. E por boas razões. Mas a fala estúpida de uma moradora de Higienópolis pode ser tomada como síntese do pensamento de seus moradores. A primeira postura é considerada “reacionária”; a segunda, “progressista”. É legítimo ser injusto em nome do progressismo; é legítimo desfigurar a justiça diante da suspeita de que ela possa ser “reacionária”.
Por que isso tudo? Todos vocês estão sabendo. A chamada Linha 6-Laranja, do Metrô, tinha previsto, inicialmente, uma estação na avenida Angélica, principal artéria que serve o bairro — onde, segundo parece, moram todos os “ricos” do Brasil. Como costuma acontecer nesses casos, houve manifestações de moradores. Alguns são contra; outros, a favor. Foi assim quando se anunciou a construção do shopping, inaugurado em 1999. Não me lembro bem, mas acho que a construção foi anunciada ali por volta de 1995. Petições contrárias à construção chegaram às minhas mãos; moradores do prédio fizeram reuniões. A principal preocupação, que se revelou procedente, era o trânsito. Como era impossível alargar ruas num bairro tipicamente residencial, densamente povoado, sem margem para qualquer reforma estrutural, haveria engarrafamentos e tal. Batata! Notem: houve um forte movimento contra um shopping destinado a receber consumidores de classe média-alta. Não era por temor de que um “exército de pobres” invadisse o nosso paraíso!
Não assinei. Apesar dos contratempos previstos, que se provaram verdadeiros, eu era favorável à construção — até por certo espírito calculista. Achei que os imóveis do entorno iriam se valorizar, o meu inclusive. Aconteceu. Eu também acertei. Agradava-me, ademais, a idéia, e folgo com isso ainda hoje, de poder ir “ali”, a pé, e comprar o que me desse na telha. Livrarias, cinemas, roupas, cafés, restaurantes, tudo ao alcance de alguns passos.
Pois bem… A tal estação da Linha Laranja, na Angélica, ficaria, meus caros, a 650 metros — SEISCENTOS E CINQÜENTA METROS!!! — de uma outra cujo nome será, vejam que coisa!, “HIGIENÓPOLIS-MACKENZIE”. O governo do estado decidiu tirar a estação Angélica do traçado e transferi-la para o entorno do estádio do Pacaembu porque não faria sentido ter duas estações tão próximas.
Como é possível acusar todo um bairro de ser contra o Metrô quando uma das estações será construída no seu miolo, carregando, inclusive, o seu nome, sem que tenha havido qualquer protesto? Mais: quem quiser ter a prova do que é uma orquestração canalha, de natureza política, está convidado a andar pelo bairro. Procurem saber onde ficará a estação Higienópolis/Mackenzie, e vocês verão que até mesmo a construção da estação Pacaembu seria discutível. Faz-se o trajeto a pé em menos de 10 minutos. Afinal, ninguém tem a ambição de ter sempre o Metrô à porta de casa. Mais: três estações do Metrô já servem o entorno do bairro: Clínicas, Marechal Deodoro e Santa Cecília. São elas que trazem moradores de toda a São Paulo para os jogos do Coringão no Pacaembu. É lindo ver as ruas de Higienópolis tingidas de branco e preto! O alarido das sacadas quando joga o Timão evidenciam sem sobra de dúvidas: o coração deste bairro é corintiano!
Difamação
Por que, então, a difamação? Por que as opiniões contrárias à construção de uma estação colada à outra foi lida como manifestação de preconceito? Uma moradora do bairro, sei lá em que circunstância, teria dito que o bairro é constituído de “gente diferenciada, sugerindo que a estação provocaria uma mistura indesejada. Sua opinião foi tomada como média do que pensam os moradores do bairro — um dos mais democráticos que conheço, tanto quanto se possa falar assim. Ora, se os “higienopolitanos” não querem “se misturar”, por que não provocaram um levante contra a estação “Higienópolis/Mackenzie”?
Como escrevo lá no começo, o Zeitgeist anda favorável ao arranca-rabo de classes, à satanização da classe média que é considerada “rica”. A esquerdopatia da rede começou a hostilizar o bairro, como se todos aqui quiséssemos manter distantes os pobres. O Estadão faz uma reportagem a respeito com o seguinte título: “Metrô: recusa de Higienópolis causa protestos na Web”. Como assim? “Recusa de Higienópolis?” E a estação que será instalada no miolo do bairro? O jornal reproduz como opinião respeitável o que diz um certo Rodrigo no Twitter: “A mesma elite que elogia metrô em cada esquina de Londres e Paris barra a chegada da estação em Higienópolis”. É só uma mentira! É só uma boçalidade. E o jornal dá curso à vigarice.
Churrasco de gato
No Facebook, combinou-se, em tom de pilhéria, mas muito reveladora, que se vai fazer um churrasco “de pobre” em frente ao shopping, no sábado. Atenção para o respeito que essa gente tem pelos humildes que dizem defender: a festa reuniria “farofa, carne de gato, cachorro, papagaio e som”. Entenderam? Essa gente nunca viu pobre na vida, a não ser as domésticas — parte dela, é bem possível, mora em Higienópolis e em outras regiões “ricas” da cidade. A exemplo de Lula, o animador de festinhas da burguesia, esses caras querem que os pobres se danem. São mero pretexto para exercitar rancor, ressentimento e politicagem vagabunda. “Festas de pobre”, como se vê, são feitas com “churrasco de gato”, mas não as deles, que não se consideram ricos, mas apenas “conscientes”. Já fui pobre. Come-se, nas festas da pobreza, com mais fartura, coisa que esses estúpidos esquerdistas de manual ignoram. Pobre não tem medo de engordar!
Ontem, um texto na Folha Online — hostil aos moradores de Higienópolis, claro! — era ilustrado por uma montagem do Facebook que trazia ninguém menos do que José Serra em frente a uma churrasqueira, sugerindo que são os tucanos a mudar a estação de lugar só para atender à vontade dos ricos. Nota: o traçado com a estação na Angélica foi feito na gestão Serra. A mudança de lugar deve se dar na gestão Alckmin — mudança, diga-se, correta pelas razões já apontadas. E daí? Há sempre um petista-esquerdopata atrás de um cretinismo. Serra é a figura nacional mais identificada com o PSDB depois de FHC. Como o movimento tem, na raiz, uma motivação ideológica, explica-se a imagem. Inexplicável é que a Folha a divulgue sem um comentário, como se fosse um dado referencial do debate. Ou é explicável.
Anti-semitismo
Eu sei que, na grafia nova, é tudo junto, com dois esses, mas ainda não me acostumei. Adiante. Na manhã de hoje, as páginas do Facebook destinadas aos “protestos da Web”, como diz o Estadão, estavam coalhadas de mensagens anti-semitas. Higienópolis deve ser o mais judaico dos bairros paulistanos — talvez do Brasil. No entorno do meu prédio, há três sinagogas, duas escolas e um clube judaicos. Os judeus moram em 12 dos 17 apartamentos do meu prédio. Uma nota de humor: até a semana passada, e por quatro anos, a síndica era Dona Reinalda, que é… árabe! Pediu uma folga para cuidar melhor de seus afazeres pessoais. Fosse pela comunidade do edifício, continuaria no cargo.
Pois bem… Os cães raivosos não tardaram a mostrar todos os seus dentes. Este seria um bairro de “judeus safados”, que pensam que os “pobres são palestinos”; aqui estaria a raça, ousou o mais franco de todos eles, que prova que os “nazistas não fizeram direito o serviço”; neste bairro, estaria concentrada parte da “conspiração judaica”. E a coisa seguiu por aí… As mensagens foram, depois, eliminadas. Procurando um tanto, algo deve ter restado na rede. Nem poderia ser diferente: o nazismo, ainda que esse nazismo moral, vem da mesma matriz do ressentimento, do ódio, da discriminação. em especial essa discriminação que se quer igualitária. Não se esqueçam de que os vários fascismos têm na “igualdade” uma de suas bandeiras. A “igualdade”, reitero, implica supressão das diferenças segundo o que se entede ser o valor da maioria.
Ministério Público
Como se nada de mais urgente houvesse para tratar e como se os moradores de Higienópolis, porque “da elite”, não tivessem o direito de reivindicar nada, de se mobilizar e dar a sua opinião, o Ministério Público, na pessoa do procurador Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, decidiu pedir esclarecimentos a Jurandir Fernandes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos. Diz Lopes: “Quero saber se ele cedeu a uma pressão da elite ou se a questão foi técnica. Se a questão foi de quem pode mais chora menos, é um absurdo para a cidade.” Segundo o promotor, o governo pode ser denunciado por desrespeito à Constituição, que garante tratamento igual a todos os cidadãos. É mesmo?
Então vamos ver, doutor! Se a população de Paraisópolis pode se mobilizar para reivindicar alguma coisa dos governos, por que a de Higienópolis não poderia? Ainda que o Estado tivesse mudado o traçado atendendo a essa reivindicação — está claro que não foi por isso —, pergunta-se: a escolha daquele local para construir uma estação é uma determinação da natureza? Não pode nem mesmo ser negociada com aqueles que serão diretamente afetados pela obra pública? Se todos são, como o senhor diz, iguais perante a lei, por que o senhor distingue, valorando a palavra de forma negativa, a “elite” da “não-elite”? Fosse assim, doutor, uma das características do elitismo seria a falta de legitimidade para reclamar?
Invenção da Folha
E aqui vai uma informação à reportagem da Folha de S. Paulo, matriz dessas manifestações bucéfalas contra um bairro da cidade. A tal associação Defenda Higienópolis não está presente no dia-a-dia do bairro. Fiquei sabendo de sua existência há três dias porque Dona Reinalda recebeu uma carta, deixada da portaria, dirigida ao síndico, dando conta da sua criação — em julho do ano passado. A carta pede uma contribuição de R$ 150 mensais. Não há timbre, endereço, telefone, nada. Apenas um e-mail: “pedro.ivanow XXX” (não completo o resto por motivos óbvios).
No Estadão e na Folha, quem aparece falando pela associação e, curiosamente, por Higienópolis todo é o tal Pedro Ivanow. Nada sei dos seus propósitos. Podem ser os melhores. Mas a dita associação e ele próprio, de quem nunca ouvi falar e cujo rosto desconheço, não representam o bairro. A matéria da Folha, que originou a coisa toda, superestima o papel de uma associação que mal existe. Falta agora completar o serviço: escalar Laura Capriglione para ouvir alguns moradores do bairro capazes de dizer as maiores barbaridades contra os “pobres” e redigir um texto demonstrando que eles representam a média do pensamento local, de sorte que a área fique caracterizada como um enclave antipobre.
Se você não conhece Higienópolis, leitor, eu o convido a passear por suas ruas e praças. Sim, é um bairro composto de prédios de classe média — alguns da chamada classe média alta. Existem alguns milionários e artistas misturados à boa gente anônima do Brasil, que luta para ganhar a vida e que tem até mesmo o direito de, às vezes, reivindicar alguma coisa do estado. No passeio público, está presente o Brasil, com todos os seus matizes de renda, origem, cor de pele… Na praça Buenos Aires, babás, empresários, profissionais liberais e moradores de rua dividem o espaço público. Ninguém molesta ninguém.
Recomendo o passeio no fim das tardes de sábado. Casais judeus saem com suas crianças quando termina o shabat, cruzam com outros moradores que estão levando seus cachorros para passear, todos misturados aos trabalhadores que voltam ou chegam às suas casas. Essa gente, é bem provável, traz em si resumidas todas as questões e todas as respostas que interessam ao Brasil, todas as alegrias e todas as tristezas decorrentes de se viver “nestepaiz”. É assim em qualquer lugar. Onde quer que os humanos estejam, ali se encontram o horror e a salvação. Eu diria que este bairro está entre aqueles que chegam mais perto de um ideal de civilização que consiste e viver e deixar viver.
O resto é pobrismo, que é, reitero, a forma mais asquerosa de preconceito contra os pobres!
[ Fonte: Por Reinaldo Azevedo em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/higienopolis-o-preconceito-estupido-da-imprensa-contra-gente-decente-avancou-para-o-anti-semitismo-neonazista/ em 12/05/2011 ]
- RESPOSTA DE DANILO GENTILLI -
VEJA - Danilo Gentilli: piada infeliz e protestos no Twitter
Um comentário pra lá de infeliz do humorista Danilo Gentilli, que participa do CQC, da Band, e está prestes a estrear um programa de entrevistas, despertou protestos no Twitter.
Falando sobre a resistência de moradores de um bairro nobre de São Paulo em receber o metrô, ele disparou o seguinte absurdo:
“Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez q chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz.”
Na capital paulista, a região é conhecida por abrigar muitas famílias judias. Ele falou sobre o episódio com GPS:
Você se arrepende do seu comentário?
Não. Minha intenção era apenas fazer uma piada. No Twitter não tem entonação de voz, não tem linguagem corporal. Já falei mil bobagens e essa foi mais uma. O meu trabalho é falar bobagem.
Por que, então, você apagou o post?
Acho que uns 500 000 do total de seguidores que tenho [quase 1,6 milhão] estão ali só para encher o saco. Eu apago as piadas ruins e foi o que fiz.
Piada com um tema assim passa dos limites, não?
Discute-se muito o limite do humor. Acho que deveria ser discutido o limite do mau humor. Está na moda criticar comediante no Twitter. O foco já foi o Marcelo Adnet, depois o Rafinha Bastos. Agora sou eu. Na próxima semana, vai ser algum outro.
Mas até o humor deve respeitar certos limites…
Para ler a coluna completa, acesse: www.veja.com/gps
Twitter: @gpsveja
[ Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/gps/televisao/danilo-gentilli-piada-infeliz-e-protestos-no-twitter ]